segunda-feira, 20 de junho de 2011

Achados










a)Zoologia Alternativa


O escritor britânico Dougal Dixon escreveu alguns livros sobre "zoologia" alternativa (ou ainda usando um outro termo que encontrei, biologia especulativa)... Afinal, a ciência não se constrói apenas em cima daquilo que é, mas também daquilo que pode ter sido.

A gente precisa de distância para enxergar melhor, e quando não há como tomar distância, precisa-se usar imaginação, criatividade... Coisas que nem sempre convém lembrar que estão na origem desta coisa tão técnica e racional que é a ciência. Ninguém esteve presente no Big Bang, ninguém viajou na velocidade da luz, ninguém consegue observar seus fótons. Algumas coisas sempre estarão no terreno do especulativo.

Além de especular e imaginar novas espécies de dinossauros (The New Dinosaurs - an alternative evolution), Dixon também já chegou a conceber um livro com os animais do futuro (After Man - a Zoology of the Future). Ele colaborou com a série Futuro Selvagem (Future is wild) do Discovery Channel.

O homem ainda escreveu um outro livro (Man After Man: An Anthropology of the Future) especulando sobre a evolução da espécie humana.

(via Monster Brains; segundo o Monster Brains, seus livros estão fora de catálogo e não são baratos em sebos virtuais)

Graças a estas pesquisas todas, ainda encontrei um "wiki" apenas sobre biologia especulativa.


b)Leonora Carrington (1917 - 2011)



(Via Monster Brains)



c) Ilustrações científicas



(Via Neatorama)

d)A Arte de andar pelas ruas

Um site no qual você realiza o flâneur em diversas cidades do mundo através das fotografias do Google Street View. Senti falta de outras cidades... Ou de algum comando para tornar a coisa verdadeiramente aleatória, com saltos entre cidades, continentes... Mas ainda assim é legal.

(Via Warren Ellis)

terça-feira, 14 de junho de 2011

menina maçã + transformers







Era uma vez uma Rainha e um Rei despejados de seu palácio, logo após a última crise financeira. Agora viviam em um apartamento e tentavam tocar a vida do jeito que dava. O Rei trabalhava em um escritório de contabilidade e a Rainha era atendente de telemarketing e ganhava um extra com leituras de tarô. Poderiam até ser felizes mas a Rainha queria muito ter uma criança. O destino lhes era desfavorável: ela virava O Enforcado, A Torre e A Lua. Certa vez, inconformada, enquanto fazia a feira reclamou em voz alta:


“Os coqueiros dão cocos, as macieiras têm maçãs. Por que eu não posso ter filhos?”


Meses depois, a Rainha paria uma maçã. Era uma maçã grande, verde, brilhante. “E agora?”, quis saber o Rei. “Esperamos amadurecer”, respondeu sua esposa. Esta se afeiçoou ao fruto e lhe deu água, amor e carinho. Todas os dias, a Rainha saía para trabalhar e deixava-a sobre uma mesinha na varanda onde tomava o sol da manhã. Lentamente a casca se avermelhou.


No apartamento em frente a este, vivia uma outra família real: uma Madrasta e seus dois enteados. O pai perdera a cabeça durante um golpe militar e eles sobreviviam às custas de uma pensão dada pelo Estado, pensão que se manteria enquanto nenhum dos irmãos casasse. Assim, ela vestia ambos com vestidos e roupas de meninas na pretensão de mantê-los solteiros.


O mais velho adorava Transformers e brincava em seu quarto com seus carrinhos-aviões-animais-robôs na sacada do apartamento. Entremeava os brinquedos na rede de proteção e fazia de conta que uma aranha gigante devoraria os bonecos. Ele via a maçã no apartamento adiante e não se interessava por ela. Numa manhã, entretanto, o fruto se desdobrou, abriu e virou uma linda menina de cabelos vermelhos e unhas verdes nos pés.


O menino espiava a menina em suas danças, suas sardas e seus pêlos vermelhos. Tentou saber onde se vendia aquele brinquedo e teve a sorte de descobrir que aquele seria único. Passou a bater na porta daquela casa, pedindo por aquela maçã. A mãe achava esquisito aquele garoto de vestido e robôs na mão e sempre recusou suas aproximações. Mas um dia acabou conseguindo.


O pai da Menina-Maçã se divorciara e mudou para outro país. A mãe encontrara outro Rei, mas este não queria saber de sua filha. Sendo assim, com alguma (não muita) tristeza, ela entregou a Maçã ao jovem.


“Do que ela precisa para viver?”

“Quase nada. Dê-lhe um pouco de água, amor e carinho. Mas a deixe respirar.”


O menino se trancava no quarto com a Maçã e seu exército de coisas que se transformavam em outras. A porta sempre fechada inquietava a Madrasta. Ela espiava pela fechadura, mas do outro lado puseram uma toalha; encostava o ouvido na porta, mas o volume alto do rádio ou do videogame abafava qualquer som de dentro. Recorria então ao irmão mais novo, mas este, como todo bom irmão mais moço, desconversava enquanto assistia desenhos animados:


“Deixa ele, Madrasta. Só tá brincando.”


Porém aconteceu uma guerra e o mais velho fora convocado para combater o Inimigo. Ordenou ao mais moço que este tomasse conta da Maçã no quarto e não deixasse nem a Maçã sair, nem a Madrasta entrar. Este até que se esforçou no início, mas ele era muito distraído e logo esqueceu as recomendações. A Menina Maçã se desdobrou, como sempre fazia toda manhã, e encontrou a porta aberta. Foi para a cozinha e preparou um lanche. Depois, no quarto da Madrasta experimentou brincos e sapatos e a maquiagem.


A Madrasta chegou de repente e a Menina voltou para o quarto e se encolheu em forma de fruta. A Madrasta estranhou aquela bagunça e o silêncio pela casa. Foi para a janela e viu o mais moço jogando basquete na quadra do prédio. Pegou uma faca na cozinha e investigou o interior do apartamento, suspeitando de um ladrão. Entrou no quarto e achou a grande Maçã vermelha sob o lençol. A Madrasta acreditou que aquilo era uma feitiçaria e decidiu espetar várias vezes a fruta com sua faca. Pelos furos saiu sangue, tanto que tingiu os panos e o colchão de vermelho. Apavorada, a Madrasta fugiu e nunca mais voltou.


Quando terminou a partida, o irmão mais novo descobriu as portas entreabertas e destrancadas. A maçã estava sobre a cama, murcha e da cor da terra. O menino se apavorou, pegou a fruta e a levou para uma vizinha, uma mulher que lia borras de café e folhas de chá. Ela ajudou o garoto, tapando os buracos com mel e band-aid e instruiu ao garoto que lhe desse água, amor e carinho.


Assim fez o irmão mais moço. Como a mão fechada que abre os dedos um a um, a maçã foi se desdobrando cada vez mais uma menina. Ele ficou cuidando da moça o melhor que pode, e se obrigou a ser menos distraído enquanto ela se recuperava. E se descobriram apaixonados. “A gente cresce porque é preciso, a gente ama quando se sabe necessário”, respondeu-lhe a Menina Maçã, cheia de sardas, feridas e beijos. E por isto, temiam o dia do retorno do irmão mais velho e o que este iria sentir ao se deparar com os dois juntos.


A guerra terminou e com a paz, regressaram os soldados. O mais velho agora era veterano de guerra. Porém o casal não se separou e nem houve mais tristeza. O mais velho perdera um braço em combate, era verdade, mas recebera em troca a paixão de um outro soldado. Assim viveram os dois irmãos - cada um com seu amor - felizes para sempre. Ao menos, até a próxima crise financeira.








(Adaptação minha de outro dos contos de fadas italianos transcritos por Italo Calvino: A Menina-Maçã. Foto de Malerie Marden, segundo o Found in the Attic . Eu não ia fazer, mas me deu vontade depois de ler Sabedoria Secreta, ensaio de Luiz Bras no Rascunho e publicado, dentre outros ensaios, no pequeno grande livro Muitas Peles, da Editora Terracota)

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Telegrama





Paper bag

(Fiona Apple)


I was staring at the sky, just looking for a star
To pray on, or wish on, or something like that
I was having a sweet fix of a daydream of a boy
Whose reality i knew, was a hopeless to be had
But then the dove of hope began its downward slope
And i believed for a moment that my chances
Were approaching to be grabbed
But as it came down near, so did a weary tear
I thought it was a bird, but it was just a paper bag

Hunger hurts, and i want him so bad, oh it kills
Cuz I know I'm a mess he don't wanna clean up
I got to fold cuz these hands are too shaky to hold
Hunger hurts, but starving works
When it costs too much to love

And I went crazy again today,
Looking for a strand to climb
Looking for a little hope

Baby said he couldn't stay, wouldn't put his lips to mine,
And a fail to kiss is a fail to cope

I said, "honey, i don't feel so good, don't feel justified

Come on put a little love here in my void"

He said "it's all in your head", and I said "so's everything"

But he didn't get it I thought he was a man

But he was just a little dang boy


Hunger hurts, and i want him so bad, oh it kills
Cuz i know i'm a mess he don't wanna clean up
I got to fold cuz these hands are too shaky to hold
Hunger hurts, but starving works
When it costs too much to love

Hunger hurts, but i want him so bad, oh it kills
Cuz i know i'm a mess he don't wanna clean up
I got to fold cuz these hands are just too shaky to hold
Hunger hurts, but starving works
When it costs too much to love

Hunger hurts, but i want him so bad it kills
Cuz i know i'm a mess he don't wanna clean up
I got to fold cuz these hands are too shaky to hold
Hunger hurts, but starving works,
When it cost too much to love.



(Imagem Terry Rodgers)

domingo, 12 de junho de 2011

o edifício branco














Estávamos diante da fachada e era possível ver todas as janelas e todas as janelas davam para os quartos e em todos os quartos havia gente nua, ou quase. Eles nos observavam cegamente, os olhos perscrutando a paisagem de multidões. Como num desenho feito por crianças, todas as regras de escala e perspectiva eram desrespeitadas por aquela arquitetura, víamos as camas desarrumadas, os abajures, os tocos de velas, as fronhas, os lençóis, as pernas, os dedos enfiados nas frestas, os pintos, as bundas, os rabos, os tetos e o tapetes sob o mesmo ponto de vista. Nossos olhos como os dos insetos, feito mosaicos, as imagens separadas umas das outras: recortes em movimento, confetes de cacos de espelhos.



Os moradores da favela de papel eram gigantes contidos nas pequenas janelas: imaginamos os habitantes daquele condomínio em um único corpo cheio de membros, dorsos, cabeças, um peixe monstruoso que utiliza uma série de marionetes para atrair e devorar presas. De longe, a brancura do edifício faz lembrar uma geladeira cheia de imãs. Entretanto, as paredes lisas não eram limpas; ao lado de cada janela, havia o nome do dono do apartamento e suas características físicas e preferências. A despeito da distância, tudo era bem legível. Era necessário confiar no que estava escrito. O rosto dos proprietários era inescrutável, tão absortos em sua exibição. Ao mesmo tempo, sabíamos que eram totalmente indiferentes a nossa presença vigilante ali. Nós também estávamos ali sem motivo e não nos importávamos com eles. Viemos para cá, porque todos vieram. Viemos para cá, porque não havia algo melhor para fazer. Éramos todos brutos e ignorantes e fazíamos as coisas sem pensar. Assim era na nossa idade. Assim será sempre. É a única forma verdadeira de se fazer as coisas.



O Edifício Branco não tem elevadores, encanamento, zelador, garagem, IPTU. Não tem CEP, síndico ou condomínio. Apenas as webcams, as janelas, as pessoas, nós e eles. Não temos o que dizer contra o Edifício Branco, por isto estamos aqui. Sabemos que o que nos restringe, também pode levar mais longe. Sabemos daquilo que nos vicia, mas também nos ampara. Sabemos que o Edifício Branco nos une, mas também nos afasta cada vez mais, inevitavelmente, uns dos outros.





(Eu não gosto deste texto. Mas vai assim mesmo. Foto: Robert Heinecken; Lábios: Julia Randall, série Lick Line)

Telegrama

Love for sale


Talking Heads - Love For Sale por EMI_Music

I was born in a house with the television always on
Guess I grew up too fast
And I forgot my name
We're in cities at night and we got time on our hands.
So leave the driving to us.
And it's the real thing.

And you're rolling
In the blender
With me.
And I can love you
Like a color
TV.

Now love is here
C'mon and try it
I got love for sale
Got love for sale
And now love is here
C'mon and try it
Got love for sale,
Got love for sale.

You can put your lipstick all over my designer jeans.
I'll be a video for you.
If you turn my dial.
You can cash my check if you go down to the bank
You get two for one
For a limited time.

Push my button...
The toast pops up
Love and money
Gettin' all
Mixed upu
And now love is here
C'mon and try it.
I got love for sale
Got love for sale

Love is here
C'mon and try it
I got love for sale
I got Love
Love
Love
Love
Love
Love
Love
Love

sábado, 4 de junho de 2011

Achados


Round & Round by New Order

new order | Myspace Music Videos



a)Timidez?

Um DVD pra homens hiper-travados: A ideia é que se fique olhando para as meninas nos olhos como um treinamento para quando rolar uma conversa de verdade com uma garota (Supondo, obviamente, que o cara chegará a este ponto). O produto é japonês e o SUPERPUNCH postou um vídeo com uma amostra de um minuto, pra quem quiser ver...

Desde o ano de 2006, uma garota posta vídeos similares a este... Ela se tornou uma "celebridade do You Tube", Magibon. A garota é norte-americana mas aprendeu algumas palavras em japonês que são ditas durante seus vídeos curtos, nos quais simplesmente fica encarando a câmera com olhos "pidões"(mas pedindo o quê, meu Deus do céu?). Estes videozinhos estranhos conseguiram atrair milhões de visualizações.


Pessoalmente prefiro o New Order.


b)Bonecas de Marina Bychkova. Conforme eu vi no English Russia.





c)25 Trepadas literárias, achadas pelo Joca Reiners Terron. Ele escolheu pra Playboy, agora você escolhe qual prefere pra mandar/fazer/sonhar com o namorado/namorada. Clique AQUI.

Pra não ficar diferente, deixo uma de Clive Barker. O trecho é de um dos contos do esgotadíssimo Livros de Sangue, "A Idade do Desejo", no qual um homem fode, entre outras coisas e pessoas, com uma parede.

"Refugiou-se num beco quieto para se fazer apresentável. As roupas que havia conseguido agarrar antes de fugir eram uma confusão só, mas serviram para evitar que ele atraísse uma atenção indesejável. Enquanto abotoava as calças - o corpo parecia tenso como ressentido por estar oculto - tentou controlar o holocausto que trovejava entre suas orelhas. Mas as chamas não cediam. Cada fibra sua parecia viva ao fluxo do mundo ao seu redor. As árvores ao longo da estrada, a parede às suas costas, as próprias pedras do calçamento sob seus pés descalços lhe atiçavam fagulhas e queimavam agora com fogo próprio. Ele sorriu ao ver a conflagração se espalhar. O mundo, em cada detalhe ansioso, sorriu de volta.

Excitado além do controle, virou-se para a parede contra a qual se apoiara. O sol havia caído por completo sobre ela, e estava quente: os tijolos cheiravam maravilhosamente. Depositou beijos em suas faces terrosas, as mãos explorando cada reentrância. Murmurando besteiras adocicadas, baixou o zíper, encontrou um nicho confortável e o preencheu. Sua mente corria com imagens líquidas: anatomias misturadas, femininas e masculinas em um único indistinguível congresso. Acima dele, mesmo as nuvens haviam pegado fogo; enfeitiçado por suas cabeças em chamas, ele sentiu o momento elevar-se em sua excitação. A respiração era rápida agora. Mas o êxtase? Certamente continuaria para sempre."

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Telegrama





“Um livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia e um morto que vive!”

Padre Antonio Vieira






(imagem via Bibliodissey)